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MPRJ realiza operação para cumprir mandados de prisão e busca e apreensão contra organização criminosa formada por delegados de polícia e banqueiros do jogo do bicho
Publicado em Fri Sep 09 19:48:50 GMT 2022 - Atualizado em Fri Sep 09 19:48:45 GMT 2022

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), deflagrou, nesta sexta-feira (09/09), a Operação Águia na Cabeça, tendo por finalidade desmantelar braço de organização criminosa de bicheiros dentro da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, em atuação, ao menos, desde o ano de 2016.   A denúncia foi recebida pelo Juízo da 1ª Vara Criminal Especializada em Crime Organizado, que decretou a prisão preventiva de Mauricio Demétrio, Allan Turnowski e Marcelo José Araujo de Oliveira, além de expedir 22 mandados de busca e apreensão.  

O robusto acervo probatório produzido no decorrer das investigações revelou que os delegados de polícia Mauricio Demétrio e Allan Turnowski integraram organização criminosa inserida no universo surgido da exploração do jogo do bicho, no cerne da disputa travada entre os grupos capitaneados por Fernando Iggnácio, executado em novembro de 2020, e Rogério de Andrade, pelo espólio do falecido Castor de Andrade. No contexto da violenta disputa pelo domínio de territórios e estruturas de exploração de jogos de azar e prática de crimes conexos, Mauricio Demétrio se associou a Fernando Iggnácio para atuar como agenciador do bando dentro da Polícia Civil. Para beneficiar seu grupo e prejudicar o rival, praticou inúmeros atos criminosos, como o reiterado vazamento de informações sobre investigações sigilosas, intermediação de pagamento de propina a outros servidores públicos, cooptação de colegas de Polícia Civil para atuar em favor do grupo, chegando a arquitetar o homicídio de Rogério de Andrade.  

A denúncia narra que Allan Turnowski atua como agente duplo na disputa entre os bicheiros. De modo dissimulado, aproveita seus vínculos com integrantes do grupo de Rogerio de Andrade, tais como Ronnie Lessa e Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, para repassar informações para seu comparsa Mauricio Demétrio, potencializando a atuação da dupla em benefício do grupo então liderado por Fernando Iggnácio. Os delegados de polícia mantinham rotina intensa de contatos e aconselhamento mútuo, na qual tratavam sobre recebimento de propina, vazamento de informações sobre investigações, estratégias para galgarem cargos estratégicos na corporação e necessidade de se protegerem mutuamente da atuação de investigadores. Também desempenha papel relevante na defesa do braço da organização criminosa dentro da Polícia Civil, tendo agido para escudar o sócio no crime nas empreitadas criminosas, por exemplo, monitorando e buscando acesso a procedimento sigiloso de investigação e removendo delegada de polícia de sua lotação em represália à instauração de inquérito policial contra os interesses do comparsa.  Dentre outros comparsas, os delegados de polícia Mauricio Demétrio e Allan Turnowski contavam com a atuação de Marcelo José Araujo de Oliveira como elo entre o braço policial da organização criminosa e Fernando Iggnácio.  

O braço policial da organização ainda cooptava outros integrantes da Polícia Civil para participarem de esquemas ilegais, como foi o caso do delegado de polícia Antonio Ricardo, corrompido por Mauricio Demétrio para atender interesses de Fernando Iggnácio, prejudicando um desafeto de ocasião do bicheiro, o conhecido traficante Celsinho da Vila Vintém. Em outra oportunidade, intermediou o pagamento de propina paga por Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, a policiais civis então lotados na DRACO-IE (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais). Também negociou o pagamento de propina advinda da GRES Beija-flor de Nilópolis para o policial civil Alexandre de Souza Baesso, então lotado na DRCPIM (Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial).

Os denunciados vão responder pela prática de diversos delitos como integrar organização criminosa, corrução ativa e passiva e violação de sigilo funcional, cujas penas somadas superam 30 anos de reclusão e a condenação leva à perda do cargo público.

Por MPRJ

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