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Retrospectiva 2017: MPRJ dá início às gravações de programa de entrevistas com personalidades ilustres da instituição
Publicado em Mon Jan 15 08:53:08 GMT 2018 - Atualizado em Fri Jan 12 19:22:17 GMT 2018

Notícia publicada em 23/08/2017 

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Centro de Memória Procurador de Justiça João Marcello de Araújo Júnior, realizou nesta terça-feira (22/08), a primeira edição do projeto Personalidades do MPRJ.
 
O procurador de Justiça aposentado Everardo Moreira Lima foi o escolhido para a primeira gravação de um talk show apresentado pelo procurador de Justiça Márcio Klang, coordenador do Centro de Memória, no auditório da Associação do Ministério Público (AMPERJ). A plateia de mais de setenta pessoas foi composta por autoridades, membros e servidores do MPRJ e estudantes. O programa terá quatro blocos de aproximadamente 10 minutos de duração e será veiculado no canal oficial do MPRJ no Youtube, no final deste ano.
 
O procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, cumprimentou Marcio Klang pelo projeto que, segundo ele, resgata e mantém vivo o Ministério Público fluminense. O presidente da Amperj, Luciano Mattos, destacou que a escolha de Everardo era emblemática. "Tanto por ele ser uma referência, como também por ter sido o primeiro presidente da AMPERJ, representando não apenas o MPRJ, mas toda a nossa luta”, disse.
 
Everardo ingressou, em 1951, no Ministério Público do Distrito Federal, no primeiro concurso, e celebrizou-se como o “Príncipe do Júri”, devido à sua competência e à grande repercussão de causas em que atuou, no 2º Tribunal do Júri. Ele se lembrou do seu talvez mais antológico caso: o do assassinato do empresário francês Jules Cateysson, em 1954. À época, o caso ganhou enorme visibilidade devido à popularidade da vítima, que havia construído grandes edifícios na orla de Copacabana. Na ocasião, Everardo cunhou a expressão “Copa-Sodoma, a cidade do vício e do pecado”, em referência ao submundo existente no bairro.
 
Everardo disse acreditar que o convite a ele se dava não em função de ter sido bom no que fez, mas por ter sobrevivido com lucidez. “Hoje é dia de rever muitos amigos. Estou aqui para contar histórias”, comemorava. Ele deu dicas sobre os pré-requisitos para um bom promotor do Júri, como a atitude e o profundo conhecimento do processo em que atua. Lembrou também de quando conheceu Guimarães Rosa, que foi um de seus jurados. O autor de “Sagarana” e “Grande Sertão: Veredas” ainda viria a alcançar a fama e a cadeira na Academia Brasileira de Letras.
 
Everardo Moreira Lima acompanhou a transferência da capital federal para Brasília, a fundação do Estado da Guanabara, a fusão deste com o Estado do Rio de Janeiro, em 1975, e a preparação da Constituição de 1988. Ao mesmo tempo em que relembrou este tempo em que varava  madrugadas trabalhando em sua máquina de escrever, ele demonstrou estar atualizado com o que se passa no mundo. Com 94 anos de idade, ele usa a internet com desenvoltura e desconfiança. “Vivemos hoje o momento da pós-informação, da pós-verdade. Precisamos tomar cuidado, enfrentar a fabricação e a plantação de notícias, escolher bem as nossas fontes e ter sempre um pé atrás”, ensina.
 
Em relação ao Brasil de hoje, ele chama atenção para o fato de homens poderosos estarem na cadeia, o que, para ele, se deve ao Ministério Público. “Somos autônomos porque concursados”, afirmou, ao lembrar que até a Constituição de 1946, os cargos eram de livre nomeação. “Só há uma forma de inibir os engravatados maus da política: o temor ao MP, aos que cumprem o seu dever”, sentencia.
 
Márcio Klang resume: “Como todas as pessoas muito inteligentes, ele é extremamente simples. É admirável que tenha chegado a esta idade tão lúcido, espontâneo, agradável e antenado".

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*Fonte: Google Analytics
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